A big interview seen on the Fan Boy website.





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Fanboy Entrevista: Paul Gulacy
Entrevistas

por Leandro Magnus

Paul Gulacy

Neste mês de Dezembro, Marvel MAX 4 tráz não apenas o retorno de Shang Chi, mas também a volta da dupla que transformou o Mestre do Kung Fu em um grande sucesso dos anos 70: o roteirista Doug Moench e o desenhista Paul Gulacy.

Com uma experiência de 30 anos, o norte-americano Paul Gulacy é um dos desenhistas mais respeitados do mercado. Consagrado por seu trabalho com o Mestre do Kung Fu, Paul Gulacy teve a oportunidade de trabalhar com inúmeros personagens como Batman, Conan, Lanterna Verde, James Bond e outros...

Entre seus trabalhos mais recentes estão a mini-série em 6 edições com o retorno do Mestre do Kung Fu, escrito pelo eterno parceiro Doug Moench, além da mini-série Reload, com roteiro de Warren Ellis. Atualmente, o desenhista vem trabalhando na revista mensal da Mulher-Gato (Catwoman), escrita por Ed Brubacker, mas fez uma pausinha para conversar com os leitores brasileiros.

Com vocês, o simpático Paul Gulacy!

Ele está de volta!

Fanboy: Após muitos anos, Paul Gulacy, Doug Moench e Shang Chi se reencontraram. Qual foi a sensação?
Paul Gulacy:
Ótima! Nós sabíamos que isso aconteceria um dia. Na verdade, chegamos a desenvolver uma nova série do Mestre do Kung Fu há uns quatro anos. Já estávamos trabalhando nas páginas iniciais quando uma nova administração assumiu a Marvel e decidiu cancelar o projeto.

Fanboy: O que os antigos fãs devem esperar dessa nova série? E os novos leitores, pessoas que ainda não estão familiarizados com Shang Chi, o que eles deveriam esperar?
PG:
As pessoas que ainda não conhecem a série podem esperar por uma ótima aventura, com muita ação e artes marciais. Os fãs mais antigos verão que se passaram 10 anos na história, em oposição aos 25 anos na vida real. O nosso desafio era agradar a esses dois grupos: os antigos e os novos leitores.

Devido a restrições legais, o pai de Shang Chi não é mais chamado de Fu Manchu. Tivemos que contornar isso, mas os leitores não encontrarão dificuldades. Todo o elenco de apoio estará lá: Clive Reston, Leiko Wu, Black Jack Tarr...

Fanboy: Como você e Doug Moench utilizaram a liberdade que o sêlo MAX oferece?
PG:
Bem, tivemos que ser muito seletivos. O fato de termos a liberdade da linha MAX não quer dizer que faremos loucuras em nossas histórias. Gostamos de pensar que qualquer cena de sexo ou violência foi feita com bom gosto. As histórias do Mestre do Kung Fu nunca foram sobre violência, eram sobre relacionamentos.

Batman

Fanboy: Com exceção do Batman, você não costuma fazer muitos trabalhos com super-heróis. Você não gosta do gênero “super-herói”? E o que faz Batman tão especial para escritores e artistas?
PG:
Claro que gosto de super-heróis. Mas devido às circunstâncias, os super-heróis nunca surgiram em meu caminho, com exceção do Batman, com o qual trabalhei bastante.

Na minha opinião, Batman é um dos personagens de ficção mais importantes do último século. Ele foi um dos primeiros a ser criado e, após 50 anos, ainda resiste. Fazer parte dessa lenda é uma honra tanto para escritores quanto para artistas.

Fanboy: Há anos que você e Doug Moench mantêm uma sólida parceria. Confesso que não me lembro de uma parceria tão longa. Como vocês se conheceram? Qual foi a primeira impressão que Moench causou? Imagino que a relação entre vocês dois é muito mais do que meramente profissional.
PG:
Doug é como um irmão para mim. Ele conhece toda a minha família e eu conheço a dele. Nos conhecemos no escritório da Marvel quando tínhamos vinte e poucos anos. Ficamos amigos desde o primeiro instante. Ele é um cara muito honesto e sincero. Tem um conhecimento impressionante. Toda vez que converso com ele fico sabendo de alguma coisa que não sabia antes.

Fanboy: Sempre que o "Mestre do Kung Fu" me vem a mente, "Bruce Lee" vem logo em seguida. Bruce Lee foi de alguma maneira o modelo do personagem? Essa semelhança é algo que vocês queriam evitar ou era uma comparação bem vinda?
PG
: Bruce Lee foi o meu ídolo por muitos anos. Ao vê-lo no filme Operação Dragão fiquei impressionado. Após sua morte, eu senti que o Mestre do Kung Fu era uma opção para as pessoas que de alguma maneira queriam vê-lo vivo novamente. Dizer que Shang Chi não foi inspirado em Bruce Lee seria mentira.

Kung Fu!

Fanboy: Qual o seu método para desenhar as lutas de Kung Fu? Você tira idéias de filmes, campeonatos ou coisa parecida?
PG:
Ah, essa é uma informação ultra-secreta. Mas vou te revelar o seguinte: eu nunca fiz artes marciais com medo de quebrar algum osso da mão que uso para desenhar – acredite, esse tipo de coisa pode acontecer. Mas eu tinha um amigo muito próximo que era faixa preta em segundo grau. Assim, eu costumava estudar os treinamentos em sua academia, onde ele me mostrava muitos movimentos.

Quando eu morava em Nova York eu sempre passava no Madison Square Garden para ver os campeonatos de artes marciais. Algum tempo depois eu decidi que queria aprender a usar nunchacos e comecei a praticar até aprender a utilizá-los de maneira correta.

Fanboy: Imagino que você já tenha desenhado inúmeras lutas. Existe alguma dificuldade em criar novas lutas ou é algo que vai ficando cada vez mais fácil com o tempo?
PG:
As cenas de luta são sempre um desafio, mas é a parte dos quadrinhos mais divertida de se desenhar. Tendo desenhado tantas lutas, preciso me esforçar bastante para renová-las e torná-las excitantes novamente. Quero dizer, existem quantas maneiras diferentes de se desenhar uma nova explosão?

É sempre divertido criar uma nova coreografia. É preciso se tornar uma espécie de ator e ensaiar em sua própria cabeça ou, às vezes, você mesmo precisa fazer o movimento, fisicamente.

Fury e Natasha

Fanboy: Quando foi que você decidiu que seria desenhista?
PG:
No final do colegial me deu uma grande vontade de me tornar um artista de quadrinhos. Nunca pensei que isso aconteceria de fato, mas parecia ser uma carreira divertida.

Fanboy: Houve momentos em que você deixou a industria de quadrinhos para trabalhar em outras áreas, como arte e publicidade. Quais foram seus motivos?
PG:
Parei de trabalhar com quadrinhos porque eu não agüentava mais. Eram muitos prazos, muita pressão. Eu sempre quis tentar algo diferente e depois de Mestre do Kung Fu eu decidi me concentrar em pintura. Eu devia ter uns 24 anos na época. Vendi algumas capas para uma companhia em Nova York e, de repente, decidi entrar no ramo de publicidade, principalmente por causa do dinheiro. Eu me casei e conseguia manter uma vida social. Foi ótimo. Até hoje eu ainda tenho amigos daquela época.

Fanboy: Há muito tempo atrás, você comentou seu desejo de trabalhar com storyboards. Isso ocorreu de fato? Você chegou a fazer storyboards?
PG:
Eu fiz vários storyboards quando trabalhei com publicidade. Também fiz os storyboards de um desenho da MTV chamado Aeron Flux. Hoje em dia eu não trabalho mais com storyboards. Se você quiser ver meus storyboards basta dar uma olhada em minhas histórias em quadrinhos. Cada edição é um grande storyboard. Pra falar a verdade, alguns estúdios de animação de Hollywood mantém os desenhos que faço para histórias em quadrinhos emoldurados em suas paredes, para que os animadores estudem e sigam meu estilo.

Os anos de ouro

Fanboy: Como é um dia de trabalho na vida de Paul Gulacy? Você segue alguma rotina? Quantas horas você trabalha por dia? Você gasta muito tempo fazendo pesquisas para seus trabalhos?
PG: Normalmente eu acordo por volta das 7h00, começo a trabalhar às 9h00, faço uma pausa de uns 20 minutos enquanto almoço e paro por volta das 16h30. Depois vou para a academia fazer alguns exercícios.

Com relação às pesquisas de referência, um velho e sábio desenhista uma vez me disse que cada artista é tão bom quanto suas pesquisas. Então, sim, as pesquisas de referência são muito importantes. Eu utilizo várias fotografias de modelo no meu atual trabalho em Mulher-Gato.

Fanboy: Você já está nesse negócio há muito tempo. O que mudou para os artistas nos últimos 30 anos? Agora temos e-mail, scanners, colorização por computador... As coisas estão mais fáceis hoje em dia?
PG:
Tudo que você citou facilita as coisas. Mas no fim do dia, a arte em si ainda precisa sair de um enorme bloco de folhas em branco. Trabalhar com quadrinhos requer muito esforço, é uma das profissões mais difíceis que conheço. É preciso muita dedicação.

Fanboy: Algo que atormenta a maioria dos artistas são os prazos. Você sofre muito com eles?
PG:
Com exceção dos meus primeiros trabalhos, os prazos nunca foram um grande problema. Mas agora que estou desenhando uma revista mensal, Mulher Gato, preciso ter cuidado. Felizmente, estamos com o trabalho bem adiantado.

Fanboy: Quais os melhores arte-finalistas com quem você já trabalhou?
PG: Dan Adkins, Tery Austin, Craig Russell e, é claro, Jimmy Palmiotti.

Mulher-Gato

Fanboy: Vamos falar um pouco sobre seu novo trabalho na revista Mulher-Gato. Como é trabalhar com Ed Brubaker? Como surgiu esta oportunidade?
PG:
Ed escreve como um selvagem. Ele é muito, muito bom. Muito talentoso. Tenho me divertido muito. Creio que não me diverto tanto com um personagem desde Shang Chi ou James Bond.

A oportunidade de trabalhar em Mulher-Gato surgiu após a série Reload, que Jimmy, Warren Ellis e eu fizemos para a Wildstorm. Dan Dideo, da DC, gostou tanto que pediu para que toda a equipe artística de Reload assumisse Mulher-Gato. E aqui estamos nós. Já estava familiarizado e era apaixonado pela personagem, o que torna tudo muito mais excitante. Selina Kyle é a queridinha de todo mundo.

Fanboy: Existe algum personagem com o qual você sempre quis trabalhar mas nunca teve a oportunidade?
PG:
No momento não estou pensando em outros personagens. A Mulher-Gato tem minha atenção total.

Fanboy: Você acha que Mestre do Kung Fu terá alguma seqüência em breve?
PG:
Não. Tivemos muitos problemas com Axel Alonso, que editou Mestre do Kung Fu. Infelizmente, seria necessário um milagre. Aproveitem a chance agora pois esta pode ser a última vez que vocês verão estes personagens.

Fanboy: Alguma última mensagem para seus fãs brasileiros?
PG:
Claro! Gostaria que todos os meus fãs brasileiros falassem para as pessoas apropriadas me levarem para seu lindo país, assim eu posso conhecer todos vocês em pessoa. Tchau, amigos!



12-15-03

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